O mal-estar da filosofia ocidental na perspectiva de Nietzsche

Autores/as

  • Pedro Lucas Bonfá Vieira Ramos Universidade Federal do Ceará (UFC)

Palabras clave:

Décadence. Filosofia. Cultura.

Resumen

O presente trabalho tem como objetivo apresentar, na perspectiva nietzschiana, alguns aspectos da teoria da décadence, limitando-se ao seu embate com a filosofia metafísica socrático-platônica, relacionando-os com a possibilidade de “diagnosticar” um processo de degeneração fisiopsicológico no indivíduo e na cultura ocidental. Para realizar tal empreitada, nos detemos na terceira fase do filósofo e nos escritos do último ano de produção de Nietzsche. Com efeito, no período o autor faz uma investigação minuciosa de Sócrates, no Crepúsculo dos Ídolos, de 1888. Diante disso, no primeiro momento, a fim de introduzirmo-nos no procedimento genealógico-fisiológico por meio do qual o filósofo investiga o conceito de décadence, destacamos alguns aspectos específicos do contexto histórico do conceito em questão que surgiu a partir do movimento literário francês da segunda metade do século XIX. Em seguida, a análise e os efeitos causados pela filosofia socrático/platônica ilustrados por Nietzsche, forneceram a matéria prima para comparar uma filosofia que expressa um estado de décadence e uma filosofia que se revela como uma manifestação da vontade de poder para o indivíduo e para cultura. Logo após, a investigação percorre o caminho da décadence fisiopsicológica que se manifesta em filosofias como a de Sócrates e Platão, apontando sua interpretação para a configuração fisiopsicológica da décadent de Sócrates (anarquia dos instintos), a fim de demonstrar que este conceito foi comum aos filósofos que interpretaram equivocadamente a vida, desvalorizando-a. Por fim, concluiremos enfatizando os males que essa relação causa tanto no individuo quanto na cultura e o que tais indivíduos e culturas têm em comum, ou seja, o niilismo e o ideal ascético, sintomas da décadence fisiológicapsicológica que causam a desagregação dos instintos. Portanto, a filosofia socrático-platônica é uma das máscaras para ocultar a “náusea” que a civilização ocidental sofre a séculos, sinalizando para o mal que causou tanto no indivíduo quanto na cultura. Dessa forma, ambos (indivíduo e cultura) foram fios condutores de uma análise que fornece elementos para empreender um “diagnóstico” da história da civilização europeia que, para Nietzsche, é um movimento de décadence.

Biografía del autor/a

Pedro Lucas Bonfá Vieira Ramos, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC)

Citas

ARALDI, Claudemir Luís. Niilismo. Romantismo. In: MARTON, Scarlett. Dicionário Nietzsche. São Paulo: Edições Loyola, 2016. (Coleção Sendas & Veredas). p. 326-328; 366-369.

FREZZATTI JR., Wilson Antonio. A fisiopsicologia de Nietzsche: o diagnóstico e a elevação da cultura como tarefa do médico filosófico. Discurso. São Paulo, v. 48, n. 2, p. 187-199, 2018.

FREZZATTI JR., Wilson Antonio. Cultura. Crepúsculo dos ídolos. Décadence. Desenvolvimento. Fisiopsicologia. Sintoma. Socratismo. Tipologia. In: MARTON, Scarlett. Dicionário Nietzsche. São Paulo: Edições Loyola, 2016. (Coleção Sendas & veredas).

NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos Ídolos ou Como se Filosofa com o Martelo. Tradução de Jorge Luiz Viesenteiner. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2014.

NIETZSCHE, Friedrich. Ecce Homo. Como alguém se torna o que é. Tradução de Paulo César de Sousa. São Paulo: Companhia de Bolso, 2017.

NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da Moral. Uma Polêmica. Tradução de Paulo Cesar de Sousa. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

NIETZSCHE, Friedrich. O Anticristo: Maldição ao Cristianismo. Tradução de Paulo Cesar de Sousa. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

NIETZSCHE, Friedrich. O Caso Wagner: Um problema para músicos. Tradução de Paulo Cesar de Sousa. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

Publicado

2024-07-29

Cómo citar

RAMOS, P. L. B. V. O mal-estar da filosofia ocidental na perspectiva de Nietzsche. Kairós: Revista Acadêmica da Prainha, Fortaleza, v. 20, n. 1, p. 231–244, 2024. Disponível em: https://ojsteste.ojs.catolicadefortaleza.edu.br/index.php/kairos/article/view/538. Acesso em: 19 sep. 2024.

Número

Sección

Artigos