Ética na degradação
Palavras-chave:
Benedictus de Spinoza. Ética. Liberdade. Anomia. Degradação.Resumo
Considerando a sociedade contemporânea como deficitária no que concerne à liberdade de seus membros, apresentaremos uma visão crítica da mesma, perspectivada pela ética de Benedictus de Spinoza, visando demonstrar que a atual situação de anomia social não é extrínseca, mas sim intrínseca ao modelo econômico adotado. De início, iremos analisar a sociedade a partir do termo “degradação”, entendido como termo-chave para a contemporaneidade, em dois dos seus muitos possíveis sentidos: o primeiro, enquanto aviltamento, corrupção de um estado anterior; o segundo, enquanto processo natural de desgaste ou decomposição própria do estado. A seguir, analisando as condições que sociedade atual pode propiciar quanto à liberdade dos seus membros, demonstraremos que esta, entendida no sentido spinozista de ação autônoma do sujeito, encontra-se ausente. Em seu lugar encontramos a liberdade intrínseca ao sistema capitalista-competitivo hodierno: a aparente liberdade de escolha, o livre-arbítrio em sua face mais perversa, como justificativa do poder de uns poucos sobre todo o resto. É a anomia, enquanto processo de decomposição intrínseco a sua natureza. Nesse cenário, os indivíduos começam a se questionar acerca de suas causas, concluindo equivocadamente que assim é devido aos fatores extrínsecos ao modelo econômico, como por exemplo, a falta de preparo, ou de ética, dos governantes eleitos ou dos próprios eleitores. Por fim, compreendendo a ética de Spinoza como potência da liberdade, entendida no sentido de resistência às formas de controle do pensamento ou do agir, recolocaremos a questão da liberdade do homem no atual contexto à luz desta ética, evidenciando seu caráter não-normativo, intrínseco à natureza humana e não ao sistema econômico.
Referências
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