O tempo ilude-nos com a máscara do espaço? Beleza e esperança na juventude segundo um “pessimismo filosófico”
Palavras-chave:
Beleza. Esperança. Juventude. Pessimismo. Schopenhauer. Matias Aires.Resumo
Nosso objeto é a relação, expressa particularmente na fase da juventude de uma pessoa, entre beleza e esperança, e nós o abordaremos segundo a perspectiva de um “pessimismo filosófico”. A nossa principal fonte para reconstruir uma filosofia pessimista é o pensamento de Schopenhauer (1788-1960), tomado aqui como ponto de partida da investigação. Precisamente sobre o objeto, ele sustenta que a acentuada sensibilidade das crianças para a beleza fomenta a esperança de que o futuro será belo, e que tal esperança fatalmente vira desilusão com a chegada da juventude e a crescente percepção de que a vida, no espaço e no tempo, na verdade é vã. Algumas correntes interpretativas acusam uma tal conclusão de subjetivista: ela derivaria de um estado de espírito melancólico do autor, que só se difundiria em uma sociedade abatida por um ânimo semelhante ao dele, mas que não se sustentaria fora dos conceitos da sua doutrina da Vontade. Complementaremos a nossa abordagem com a análise das premissas que o filósofo brasileiro Matias Aires (1705- 1763) elenca ao sustentar praticamente a mesma conclusão de Schopenhauer; assim, levando em conta que tais autores escreveram em contextos e linguagens conceituais completamente distintas, e que um jamais conheceu o pensamento do outro, adotaremos um ponto de vista pessimista e filosófico que é objetivo, independente de uma disposição de espírito, individual ou coletiva, ou de qualquer doutrina específica.
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